sábado, 30 de abril de 2011

A mulher e a sociedade

Trecho do meu trabalho de conclusão do curso de extensão em consciência corporal.

Lydia Cheng, 1985
© Robert Mapplethorpe
No mundo de hoje, as pessoas vêem seu próprio corpo como um pertence nosso, que se nos deixa insatisfeitos, podemos consertar, não notamos que esse corpo é parte de nós, sente nossos estresses e a forma que lidamos com ele. Acabamos vendo o nosso corpo como um objeto, um utilitário como uma roupa ou um carro, só que não notamos que se nosso corpo estragar não podemos trocar por outro mais novo. Apesar de todas as cirurgias plásticas ou por outros motivos, ainda não conseguimos trocar de corpo, devemos cuidar para que este não se “estrague”. Outro problema que o nosso corpo sofre é a não utilização dele, tudo que vem do corpo é considerado ruim. Muitas religiões acreditam que sentimentos corpóreos são ruins, pecaminosos e errados, os intelectuais, em sua grande maioria, esquecem do corpo, por considerá-lo desnecessário e inclusive fonte de sentimentos, que os sentimentos são prejudiciais ao raciocínio.
Esses problemas em relação à visão corporal só pioram quando se fala especialmente de mulheres. Muitas mulheres, por causa de sua criação, lidam com seu corpo como objeto masculino, ou seja, até seu casamento ou até começar a namorar, seu corpo pertence ao seu pai, após o casamento ou um início de namoro mais sério, o dono de seu corpo vira seu companheiro amoroso. Se o corpo não nos pertence, então devemos agradar o dono desse corpo. Esse é o pensamento das mulheres chinesas que enfaixavam os pés de suas filhas e das mulheres chinesas que aceitavam ter seus pés enfaixados. Aceitando a dor e o sofrimento ao andar, só para se sentir atraente ao seu parceiro. Muitas mulheres contemporâneas se encaixam nesse perfil também. Fazendo o que agrada seu marido ou namorado.
Outra visão corporal problemática da mulher é quando ela acredita que seu corpo é apenas um utilitário para conseguir o que se deseja, como um namorado, ou até se encaixar num padrão de beleza esperada e moldada pela mídia. O problema é que muitas mulheres quando não se sentem encaixadas nesse padrão de beleza modificam o corpo sem se preocupar com ele. Cirurgias plásticas, roupas, e sapatos que fazem mal ou machucam e dietas malucas são exemplos dessa visão utilitária do corpo feminino. Essa mulher sofre com dores nos pés, mas se acostuma com essas dores, anestesiando seus pés com o costume do uso de sapatos de salto alto. Se não aguenta, faz cirurgias para aliviar as dores. O ideal não seria deixar de usar sapatos que nos machuque os pés?
A sociedade, através da mídia e do que apreendemos dentro da nossa família, nos impõe essa visão corporal feminina e a considera normal. Quando conhecemos mulheres que se diferenciam desse costume são estranhas, masculinizadas, desleixadas ou até mesmo “hippies”.

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