quarta-feira, 4 de maio de 2011

Robert Mapplethorpe: fotografia, sexualidade e HIV

Self Portrait, 1980


Thomas, 1987
Depois de tantos posts com fotografias clicadas por ele, decidi falar sua biografia: isso mesmo, falarei de Robert Mapplethorpe!

Breve Biografia
Robert Mapplethorpe nasceu em Nova York no dia 4 de novembro de 1946 e morreu em Boston no dia 9 de março de 1989. Ele foi um dos grandes ícones da Pop Art.
Mapplethorpe se matriculou no Pratt Inrtitute no ano de 1963, onde estudou desenho, pintura e escultura. Influenciado por artistas como Marcel Duchamp (outro artista pra um belo post), tentou novos materiais, colagens com imagens recortadas de revistas e livros. Em 1970, ele comprou uma camera Polaroid e começou a fotografar para incorporar as colagens que fazia. Nesse mesmo ano, ele e Patti Smith começaram a morar juntos.
Lisa Lyon, 1982
Em 1973, Robert fez uma exposição chamada "Polaroides" e dois anos depois ele comprou uma câmera maior e começou a fotografar pessoas de seu círculo de amigos: artistas, socialites, músicos e estrelas de cinema pornográficos, ele também trabalhou com projetos comerciais, como a capa do album da Patti Smith.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, Robert Mapplethorpe teve seu auge  como fotógrafo e, em 1986 foi diagnosticado com Aids. Apesar de sua doença, Robert continuou trabalhando, acelerando seu trabalho, aceitando encomendas de trabalhos mais desafiadores. Ele morreu no ano de 1989, mas antes, em 1988, ele criou a fundação Robert Mapplethorpe, que promove a fotografia e financia pesquisas médicas na luta contra o vírus HIV.

Suas Obras
Poppy, 1988
Robert Mapplethorpe trabalhou por muito tempo com retratos de conhecidos, mas suas maiores contribuições foram os nus femininos e masculinos e suas fotografias de flores. Sua orientação e preferência sexual marcou muito seus trabalhos, assumidamente bissexual e adepto do sadomasoquismo, demonstrava isso em vários de seus trabalhos. Sua flores não são simples fotografias de natureza morta, ele coloca a mesma sensualidade nessas flores, que têm a mesma conotação sexual que seus nus.
Essa sensualidade mostrada de forma explícita em seus trabalhos foi muitas vezes motivos de denúncias no Senado, Robert era acusado de obsceno e indecente. Seu último livro foi cassado e proibido nos EUA, logo após sua morte, criando uma das maiores polêmicas relacionadas à liberdade de expressão por lá.

Minha Opinião
Andy Warhol, 1986
Robert Mapplethorpe foi um dos maiores artistas do período contemporâneo, com trabalhos instigantes e muito questionadores. Sempre demonstrou que, diferente de muitas pessoas daquela época, não tinha motivos para se envergonhar de sua orientação sexual, sendo talvez um dos pioneiros na luta por uma visibilidade bissexual.
Ao se descobrir com o vírus HIV e saber que a doença era fatal, ao invés de se entregar a doença, correu atrás de fazer história e fazer o possível para ajudar a financiar pesquisas em sua fundação, que funciona até hoje da mesma forma que funcionava quando foi criada. Seu trabalho foi importante para além da arte, era um grito político a favor de qualquer forma de amar e da auto-aceitação.
Patti Smith, 1986
O que mais me deixa apaixonada pelo seu trabalho como fotógrafo é a sinceridade, ele mostra o que sente em todas as suas fotos, mesmo nas mais perturbadoras.
Tem horas que o considero mais indecente em suas fotografias de flores que na maioria de seus retratos nus. Não sei se minha opinião é tendenciosa, já que sei, muito antes de ver suas flores, que ele queria mostrar genitálias de plantas e não simplesmente flores na visão romantica, ou se elas são realmente tão sexuais. Deixa pra vocês julgarem por si mesmos.

Gostou do trabalho de Robert Mapplethorpe? Veja mais em The Robert Mapplethorpe Foundation

terça-feira, 3 de maio de 2011

Salto Alto

Obs.:Trecho do meu trabalho de conclusão do curso de extensão em consciência corporal.
Obs.2: Preciso explicar a vocês quem é Robert Mapplethorpe e o quanto ele tem a ver com a minha arte e com esse trabalho de conclusão do curso de extensão em consciência corporal.


Os saltos altos têm muitos séculos de história, muito antes de ser um objeto da moda feminina, ele era usado pela nobreza para mostrar sua superioridade no Egito. No teatro grego, Ésquilo usava de saltos altos nos seus atores e, dependendo do tamanho do salto, mostrava a posição social da personagem que o ator encenava, quanto maior, melhor classe social.
fotografia de robert mapplethorpe, "lisa lyon (legs)", 1981
Na Europa, o Rei Luís XIV, foi o pioneiro no uso de saltos altos, mas foi Luís XV que popularizou o uso de salto pelos nobres. Inclusive, existe um salto chamado Luís XV em sua homenagem.
Após isso, no século XIX, o salto alto chegou aos Estados Unidos, importado diretamente dos bordéis de Paris. O sucesso dos saltos altos era tão grande que os clientes preferiam as prostitutas que usavam saltos. Algumas prostitutas entalhavam em seus saltos marcas de identificação, para que seus clientes enxergassem suas pegadas e as seguisse. Até o século XX os saltos altos eram usados apenas por prostitutas, e mesmo depois de se popularizar para uso de mulheres de todos os tipos ainda existia um certo preconceito com eles. Só próximo à década de 30 os saltos altos passaram a ser vistos com menos preconceito.
Hoje em dia, o uso dos saltos altos é costumeiro, muitas mulheres usam no dia a dia, principalmente para conseguir uma boa aparência no trabalho, para ficar mais bonita para seu parceiro e muitas vezes por costume passado entre as gerações. As grifes de sapatos são tão famosas e adoradas quanto as grifes de roupas, muitas mulheres sonham em ter um “Prada” entre os seus sapatos.
Também hoje em dia, encontram-se muitas teses na área de saúde falando mal ou bem de saltos altos, a mídia leva para dentro de nossas casas padrões de beleza onde a mulher está sempre bem maquiada, bem vestida e bem calçada. Mas a “geração saúde” critica o uso excessivo de muitas coisas que mulheres utilizam na rotina. O salto alto já foi condenado por dar problemas de coluna, encurtar a panturrilha. Muitas mulheres não conseguem andar sem saltos, dizem não sofrer com as dores que esses causam. Outras até sofrem mas mesmo assim continuam a usar.
Em alguns sites americanos, encontram-se cirurgias milagrosas onde você pode diminuir sua dor nos pés com implantes de “pillows for feet” (almofadas para os pés em inglês), que ajudam a diminuir a dor nos pés. Outra cirurgia milagrosa é a conhecida como “toe tuck” (encolhimento do dedo do pé em inglês), que facilita o uso de sapatos para mulheres com pés muito largos, cerra-se os ossos dos dedos dos pés, se for o dedo mindinho, cerra-se o osso do dedo por completo.
Entre essas cirurgias, palmilhas e outras formas de manter os pés sem dor, existem o imaginário popular masculino, a mídia e a famosa etiqueta que exige o uso de saltos por mulheres. Claro que, diferentemente das chinesas que viveram até o século passado, não obrigam mulheres a usar saltos com a ameaça de não casarem, mas a mídia mostra a todo momento como mulheres ficam mais atraentes ao usar sapatos de salto alto. Muitas mulheres se acham na obrigação de usá-los para trabalhar, para parecer elegante, causar boa impressão. O sapato de salto alto é hoje em dia uma obrigação feminina para com a sociedade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Menstruação e achismos de alguém que quer quebrar (seus próprios) tabus!

Pra participar da blogagem coletiva da 2@ Vermelha, decidi repensar tabus sobre meu corpo, menstruação e tudo que ela significa pra mim e para outras mulheres.
Sempre fui uma mulher que sofreu com menstruação, cólicas horríveis, enjôos, dores de cabeça, stress e um fluxo muito forte - estou sentindo tudo enquanto falo, afinal hoje é o meu primeiro dia de menstruação - e sempre tive uma raiva danada de ficar de cama no primeiro dia de menstruação. Mas nunca entendi o que faz tanta mulher sentir nojo da menstruação. Eu mesma já tive nojo de menstruar, já vi o sangue da minha menstruação como algo muito sujo. Hoje, tento quebrar esse tabu de sujeira, afinal, quando me machuco e sangro não tenho nojo, qual a diferença de um sangue pra outro?
Outra coisa que tenho tentado entender é porque toda mulher passa um período da vida torcendo para a menarca descer e, depois que ela desce, passa amaldiçoar todo mês a menstruação? Muitas delas nem sofrem com cólicas, mas vivem a reclamar de passar por isso todo mês. Se o homem menstruasse, com certeza, seríamos ensinadas que menstruação é algo bom, mas como somos nós, mulheres, quem menstruamos ouvimos desde a infância que menstruação é tortura, sem nem entender o porque. Eu mesma preciso parar de reclamar desses dias e sentir o que está acontecendo com o meu corpo: ele tá passando por uma limpeza, tá renovando um ciclo. Eu passo tanto tempo reclamando das dores que esqueço da melhor parte da menstruação, minha libido aumenta e eu fico mais sensível, tudo me faz rir, chorar e amar os outros! Eu ontem mesmo, me peguei chorando de tanto rir com uma piada boba, isso não é maravilhoso?! Sentidos aguçados, daí vem minha irritação e também é daí que vem minha felicidade excessiva.
Falando em sentimentos e aumento da libido, porque tem mulheres que não transam quando estão menstruadas? Eu adoro transar quando eu to menstruada! Estou mais sensível, despreocupada com gravidez(assumo sou uma pessoa sempre grilada, usando pílula e camisinha eu sempre acho que podem falhar, e fico sempre nervosa com a possibilidade de engravidar antes de terminar a pós, o mestrado e o doutorado!), não tem porque não transar. Mas tem mulheres que não aceitam transar, por nojo do próprio corpo ou por medo do parceiro sentir nojo. Mas uma vez me pergunto, se fossem os homens, existiria todo esse nojo, essa sensação de impureza no nosso corpo? É algo a se pensar.

Eu espero me livrar de muitos tabus até a próxima 2@ Vermelha e poder contar a vocês como é viver sem preconceitos com o meu próprio corpo.

Postagem no Blogueiras Feministas, site da Campanha e links de outras Blogueiras Feministas:

Esse blog possui uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License. Você pode copiar e redistribuir os textos na rede. Mas peço que o meu nome e o link do post original sejam informados claramente.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...