sábado, 2 de abril de 2011

Preconceito


Nos últimos dias, várias pessoas na rede falaram sobre o acontecido em relação a entrevista de Jair Bolsonaro no CQC. Me revoltei quando assisti o vídeo no Youtube, assumo que senti muita raiva dele, graças a ele ter me atingido diretamente, afinal sou negra e bissexual. Mas esse movimento todo em torno do acontecido me fez pensar muito, refletir sobre pensamentos meus e de outras pessoas que estão em minha volta.
As vezes a gente se pega comentando "todo político é corrupto", "todo homem é infantil", "todo artista é maluco" ou "todo evangélico tem a cabeça fechada", mas até que ponto temos o direito de generalizar as pessoas por simplesmente fazerem parte de um grupo social?
Vou contar um caso: Em um curso de teatro conheci um cara muito gente fina, ele é ator, tem o mesmo carinho com crianças que eu tenho, está sempre em busca de conhecer pessoas novas que possam ampliar os horizontes dele e é evangélico, frequenta a igreja metodista. Assim que o conheci, não me aproximei dele por causa da religião dele, acreditei que ele poderia me ver com preconceito. Por uma coincidência, precisamos fazer trabalho juntos, depois daquele momento, me dei conta de como nos dávamos bem e de como pensávamos tão parecido em relação a tantas coisas da vida. Mas ainda assim sabia que éramos diferentes, achei que ele talvez não ficasse a vontade comigo por causa da minha orientação sexual. Mas a prova de fogo foi quando ele assistiu a um monologo autobiográfico meu e, no final da apresentação, ele me deu um abraço tão caloroso e um parabéns sincero. Éramos iguais, só acreditávamos em Deuses diferentes. Ele pensava muito parecido comigo, era inteligente e ainda não via diferença entre cristão, ateu, homossexual ou qualquer outro ser humano no mundo.
Esse meu amigo (que não vejo há muito tempo e estou morrendo de saudades) mostra que estereótipos não existem, ele é artista e não é "doidão" e nem é gay e ele é evangélico e não é bitolado ou preconceituoso.

O preconceito e a generalização está em todas as partes, não é porque sofremos preconceito que não somos preconceituosos, vejo pessoas que são marginalizados por serem LGBT, mulher ou negr@ tratando outros grupos com o mesmo preconceito que são tratados, lidando de forma radical ao generalizar qualquer um que não seja como eles. Pessoas que sofrem do ódio de terceiros disseminando ódio por outros que são de grupos sociais diferentes do seu. Como podemos lutar contra o ódio em relação ao nosso grupo se fazemos o mesmo? Precisamos aprender a respeitar qualquer pessoa para depois exigir que nos respeitem.

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