quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Caso BBB 12

Daniel e Monique Foto: Frederico Rozário/Folhapress
Depois de muito debate e muita divulgação de postagens relacionadas a esse caso, a poeira baixou um pouco após a entrada da polícia na história, a expulsão do Daniel e o depoimento da Monique a polícia, mas ainda existem pessoas que não entendem o motivo de nossas reivindicações e revoltas com o acontecido.
O que mais e revoltou nesse caso foi que Monique ficou no escuro, sem saber o acontecido durante um bom tempo. Negou-se por muito tempo o ocorrido, tirando qualquer vestígio do acontecido dos sites de vídeos. O diretor do BBB, o Boninho, além de negar o acontecido ainda acusou tod@s nós, que exigíamos que fosse averiguado o caso de possível estupro, de racistas.
Independente dela dizer que tudo foi consentido, devemos entender que o grande problema dessa história toda é ver como o Brasil ainda se mantém machista, uma mulher não tem direito de beber , não tem direito de dar uns amassos em seu ficante, casinho ou namorado e depois recuar. Se começou tem que terminar, mesmo que a força. Se bebe é vadia e tem que fazer sexo. E, pra piorar, se já teve muitos parceiros sexuais tem que aceitar qualquer um e se disser não, o cara se acha no direito de fazer a força. Esse foi o maior erro, julgar o caráter de uma mulher por coisas tão ínfimas como essas.
Quando lutamos por esse caso, não estamos desmerecendo nenhum outro caso de estupro, seja ele como for, só estamos colocando em pauta uma forma de violência sexual que acontece com muita frequência e ninguém dá a devida importância. Eu tive a sorte de não passar por nada desse tipo, seja ser abusada pelo meu companheiro durante o sono, ou ficar inconsciente (seja por causa de bebedeira ou qualquer outro motivo) e ser violada por pessoas em quem confiei e que deveriam me socorrer. Mas sei que esse episódio poderia acontecer comigo ou com qualquer mulher.
Temos o costume de acreditar que um estupro é um ato de perseguição de uma mulher indefesa em ruas escuras, com uma arma apontada para a cabeça. Mas a maioria dos estupros são cometidos por namorad@s, ficantes, pais, amig@s, padrastos e demais familiares. Quando lutamos para que ela soubesse do acontecido e pudesse falar se houve ou não estupro, era simplesmente para que ela se lembrasse de toda a cena em que estava acordada, soubesse o que houve (se houve) enquanto ela estava dormindo e assim pudesse denunciar o possível agressor. Não esperamos que haja diferenças de atendimento entre as vítimas de estupro, seja como for que esse aconteça e independente da vítima beber, ter uma vida sexual ativa e com vários parceiros, ser virgem, maior de idade, criança, religiosa, ateia, homem (não podemos esquecer que homens também sofrem violências desse tipo) ou mulher. E quando lutamos contra o machismo e o julgamento das pessoas em esse caso é para que tanto a Monique quanto qualquer outra pessoa que sofra com um estupro possa ter seus direitos preservados.

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